A mentira tomou-me naquele dia, mentira de SER.
O homem das palavras que não dizia nada, discurso vazio e que ao mesmo tempo estava preenchido de tudo, palavras repetidas. Dizia o que as pessoas já sabiam, ou fingiam saber.
Mas, "algo" ainda reverberava em mim.
Num instante distanciado, ouvi uma voz que disse: "volte!", meu corpo extremesseu.
Momento de pausa...
tornei-me a extensão do outro, o chão gelado, a madeira da cruz, o corpo nu e tingido de negro, o frio que tomara cada milímetro do meu corpo, lágrimas. Sentia o calor ao redor, os olhos inquietantes e inquisidores, o balbuciar de palavras.
Jorro d'água respingou em meu corpo; era o meu próprio JORRAR.
Limpei-me, desejava tirar impurezas minhas, do outro, tornar-me sublime, luz incandescente. Sei que AINDA não aconteceu em sua total verdade. Entretanto, naquele instante, eu era fragilidade-flexível.
É esta fragilidade que desejo Ser, é o que desejo mostrar. Quero discursar o invisível, discursar com o corpo. Dizer a minha verdade, aquela do contorno de minh'alma, literalmente não distanciada de mim.
Mas, a verdade pura existe?
"a Verdade que está por cima de todas as verdades e com a amorfa origem de todas as origens. O Nada que é o Tudo. Que ele o devore e dele receba uma nova vida!"
(Anotações de Sol Bentto depois da apresentação da Virada Cultural)
Nenhum comentário:
Postar um comentário