terça-feira, 18 de maio de 2010

Senhoras e senhores

"...Nosso teatro não é como outros teatros, ele não é movido por máquinas como um navio a vapor, ele mais se assemelha a uma nau de três mastros, que depende do baixa-mar e da maré cheia, do vento e das correntes marinhas. E, senhoras e senhores, devemos admitir: em comparação com a consequencia brutal e estúpida de um navio a vapor, uma nau de três mastros é bela e sensível, mesmo que um pouco antiquada como tudo que é nobre. O que vamos lhes mostrar, senhoras e senhores, não os tornará mais inteligentes ou vituosos, pois nosso teatro não é escola nem igreja. A infelicidade do mundo não será diminiída com nossa apresentação...aliás, também não será multiplicada: ela sempre foi muita. Não temos a intenção alguma de enganá-los. Não argumentamos. Não queremos provar nada, nem acusar nada, nada apresentar. Sim, nem ao menos queremos lhes convencer da realidade da nossa apresentação, caso os senhores prefiram interpretá-la como fantasia. Poderia parecer, senhoras e senhores, que nós não necessitamos de vocês, no entanto não é bem assim..."

Michael Ende

5 comentários:

  1. Acredito que não seja mesmo, senhoras e senhores; nosso teatro funde-se entre eu-você-todos os outros, num verdadeiro instante de SER.

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  2. Ainda é da boca para fora, ainda é emocionalizado demais e ocm pouco consciÊncia. Nosso teatro AINDA é como os outros. Só o deixará de ser quando formos nós mesmos, quando formos místicos e não esquizofrênicos. Ambos estão no mesmo oceano, só que os místicos nadam e os esquizofrênicos se afogam.

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  4. Acho que o próprio discurso deveria ser re-avaliado e re-escrito e re-cortado e re-sentido e re-feito, porque penso afinal que ambos os lados tem que ser pegos de supresa, só que a supresa é o que nós já sabemos fazer de melhor, porém não tão verdadeiramente.

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  5. Cibele Mateusmaio 29, 2010

    Não entendi.
    Primeiro, o texto que postei é fragmento de um "conto" do Michael Ende do livro que estamos nos inspirando.
    Se eu tenho um discurso é que devemos fazer nosso trabalho artístico sem a pretenção de salvar o mundo, de mudar as pessoas. Antes de tudo salvemos a nós mesmos, façamos para nós mesmos. Porém, como diz no texto, nós também precisamos de público. Demos ao público o nosso melhor, mesmo que o nosso melhor seja essa miséria que somos.

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