segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Depoimento de uma ambulante em estrada

Desde o último momento em que estive de corpo presente na Câmara de Cultura, passaram-se 7 dias. Mas eu poderia jurar que esse número não condiz com a realidade. Nesta nossa travessia labiríntica, o tempo dilatou-se a tal ponto que 7 dias podem bem ser 7 vidas. O que vem acontecendo nesses últimos momentos antes do dia 14 guarda intensidades difíceis de serem quantificadas.
Existe um desenrolar de acontecimentos em que cada um de nós está envolvido de alguma forma: da forma que deseja, ou da forma que pode. Espero que todos nós, cada um de seu ponto de visão, consiga sempre estender até o último limite cada vivência que experimentar, como já vem acontecendo.
A cada novo relato que leio no blog, minha pele se arrepia, meu coração palpita, meus olhos lacrimejam. Meu corpo entra em trabalho. Agora, enquanto escrevo, meu corpo está em trabalho. Hoje, por umas quatro horas seguidas, conversei olho a olho com minha irmã que eu não via há 1 ano e 4 meses. Meu corpo estava em trabalho.
Falamos sobre lavar o chão e sobre a plenitude do amor, falamos sobre ganhar dinheiro e sobre a nossa natureza selvagem, falamos da sombra e da luz, falamos sobre estar AQUI AGORA. Ela conheceu a carta de Lygia Clark para o filho. Ela descobriu que existe um coletivo de artistas em São Bernardo que acredita que a arte pode se aproximar da vida. Ela soube que a irmã tinha compromissos importantes com esse coletivo nos dias de hoje e amanhã. Mas com lágrimas nos olhos, ela SENTIU, mais que compreendeu, que eu estava vivendo o compromisso maior que esse coletivo escolheu como direção: FLUXO DEVIR VIDA.
Meu ponto de visão agora é Belo Horizonte, casa de mãe. Na quinta de manhã chego de volta em São Paulo, no sábado estarei em São Bernardo. Se, literalmente, Deus quiser.
Um forte abraço em cada um de vocês, e obrigada, muito obrigada mesmo, por estarem aí, onde quer que vocês estejam,
Flávia.

(e-mail enviado em 9 de agosto de 2010 para Mariana, Leo, Cris, Sol, Cibele, Elza e Rubens)

2 comentários:

  1. Comentar um depoimento desse nível é tarefa difícil. As palavras compõe-se de uma indizibilidade assustadora. Esse depoimento carrega em si não só o indizível mas o invisível. Paradoxalmente é muito claro. Transborda o amor (eros)que buscamos nas relações que criamos nas ações junto com o espectador, que torna-se co-autor desse milagre que é a VIDA.

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  2. Flavinha, mesmo longe te senti presente em inúmeros momentos!

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