Duas mulheres, dois paletós, duas cadeiras e dois músicos. Numa
avenida, a feira de domingo, um mar de barracas e compradores. Uma
cidade barulhenta que não parou para ver, ouvir e sentir a Ação. Eu em estado
de observância ME KAHLO ao ver os dois corpos em potente Ação.
Primeiro, um entre olhar-se, um escutar-se e escutar a
música, relacionar-se com a cadeira mochila, sentir as vibrações do ambiente,
feira ao ar livre. Logo o deslizar pela cadeira e pelo corredor de frutas,
verduras e legumes foi nos conduzindo para um jogo de cores, cores de Frida
Kahlo. Duas mulheres, mas poderia ser apenas uma, duas partes dentro de nós,
homem e mulher, luz e sombra, amor e ódio, o bonito e o feio, o achar-se e o
perder-se...
Depois a busca pelo corpo de um outro qualquer que coubesse
no paletó, para apenas vesti-lo, ou dançar ao ritmo da música. E quando o corpo
abre-se para outros corpos, vê-se corpos presentes em potente interlocução, mesmo
que seja por instantes. Instantes que rompem com a barreira do espaço/tempo e
nos conduzem para o lugar do imaginário e do simbólico, que agora permanecem em
fragmentos de memória.
Somos conduzidos pelas artistas e músicos para uma faixa de
pedestre. Ápice da Ação. Corpos que não só dançam entre os carros, mas bailam
entre eles e com eles. E num bailar de cores, sons, gritos e música elas desconfiguram
a rotina dominical daqueles que vão à feira. Rasgam o cotidiano e abrem uma
fenda para o inusitado. Uma nova paisagem urbana se configura. Os corpos que começaram
não eram mais os mesmos, tornaram-se mais presentes, presentes de si, do
ambiente e do outro. Os corpos de quem viu e de quem fez a Ação ME KAHLO.
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