terça-feira, 9 de março de 2010

Da caverna de Platão à cidade labirinto


Homens algemados de pernas e pescoço, desde a infância, em uma caverna. Há apenas uma pequena abertura para a luz de uma fogueira acesa no exterior, ao fim de um longo corredor que se estende a frente desses homens, que impossibilitados de virar a cabeça, conhecem apenas as sombras das figuras que projetam-se nas paredes e os ecos de suas vozes. Imagine se um dia soltasse um desses prisioneiros e obrigasse a olhar para a luz e não para as sombras projetas, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-iam para buscar refúgio junto dos objetos para os quais podia olhar. Quão dolorido seria! Agora imagine se o conduzisse pelo longo corredor ascendente, em penosa trajetória e o levasse para fora, para a luz. No primeiro instante ficaria cego, uma cegueira branca, inundada de luz. Recuperada a visão não estaria ainda preparado para olhar os objetos diretamente, primeiro os olharia refletidos no espelho d´água e, por último, para os próprios objetos. Se voltasse para junto de seus companheiros, seria por eles considerado um visionário, tentaria tira-los da escuridão da caverna a qualquer custo. E a quem tentasse solta-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarra-los e mata-lo, não o matariam?. Com certeza esse visionário teria sua vida em risco, pois os que ficaram assistiram sua tortuosa ascensão, não gostariam de sofrer e cometer vários assassinatos.
Serei eu esse visionário ou os prisioneiros?

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